quarta-feira, 11 de abril de 2012

Soneto de fidelidade

De tudo, ao meu amor serei atento
Antes, e com tal zelo, e sempre, e tanto
Que mesmo em face do maior encanto
Dele se encante mais meu pensamento.

Quero vivê-lo em cada vão momento
E em seu louvor hei de espalhar meu canto
E rir meu riso e derramar meu pranto
Ao seu pesar ou seu contentamento

E assim, quando mais tarde me procure
Quem sabe a morte, angústia de quem vive
Quem sabe a solidão, fim de quem ama

Eu possa me dizer do amor (que tive):
Que não seja imortal, posto que é chama
Mas que seja infinito enquanto dure.

Vinicius de Moraes


Soneto de fidelidade

De todo, a mi amor estaré atento
Antes, con tal celo, y siempre, y tanto
Que aún delante del mayor encanto
De él se encante más mi pensamiento.

Quiero vivirlo en cada vano instante
Y en su alabanza esparciré mi canto
Reiré mi risa y verteré mi llanto
A su pesar o a su placer radiante

Y así, cuando más tarde me reclame
Tal vez la muerte, angustia de quien vive
Tal vez la soledad, fin de quien ama

Yo me pueda decir del amor (que tuve):
Que no sea inmortal, puesto que es llama
Mas que sea infinito mientras ame.

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