sexta-feira, 22 de abril de 2011

De lo efímero

Era un mundo más diáfano.
Otro mundo distinto al verdadero,
al que llamamos mundo entre nosotros,
microcosmos perfecto
que se ofreció a mis manos
como dulce regalo a los sentidos.
Y aspiré su fragancia
con la misma vehemencia
de quien sabe el instante
feliz e irrepetible.
Nada era real, salvo ese espacio
y el milagro increible de la vida,
circunscrita a sus límites.

Duró lo que la rosa.
Porque nada que aliente en el prodigio
es inmortal,
y muere.
Mª Consuelo Fernández Suárez (1993)


Do efémero


Era um mundo mais diáfano.
Um outro mundo diferente do verdadeiro,
a que chamamos mundo entre nós,
microcosmo perfeito
que se ofereceu às minhas mãos
como doce presente aos sentidos.
E aspirei a sua fragrância
com a mesma veemência
de quem sabe o instante
feliz e irrepetível.
Nada era real, fora esse espaço
e o milagre incrível da vida,
circunscrita aos seus limites.

Durou o que a rosa.
Porque nada que alente no prodígio
e imortal,
e morre.

terça-feira, 19 de abril de 2011

o deserto é minha casa

o deserto é minha casa

com os olhos
consumo o labirinto
tenho ventos e
areias arrumadas
em demasia

tenho luas em mim
um céu negro
sem poesia

negro
e sem poesia.

passa o pássaro
―que seja uma andorinha

invoco
o seu alvoroço libertino
a fluidez do seu canto
a humidade morosa
no seu bico

o pássaro incessante
desmanchando o meu deserto
em fuga errante

no seu rumo
todas as margens

todos
os murmurios
do mar.
Ondjaki. Dentro de mim faz sul. Caminho (2010)


el desierto es mi casa

el desierto es mi casa


con los ojos
consumo el laberinto
tengo vientos y
arenas dispuestos
en demasía

tengo lunas en mí
un cielo negro
sin poesía

negro
y sin poesía.

pasa el pájaro
―que sea una golondrina

invoco
su alborozo libertino
la fluidez de su canto
la humedad demorada
en su pico

el pájaro incesante
destrozando mi desierto
en fuga errante

en su rumbo
todas las orillas

todos
los murmullos
del mar.