els malviuré em somort. Cada matí
esfullaré una rosa ―la mateixa―
i amb tinta evanescent escriuré un vers
decadent i enyorós a cada pètal.
Us llego la meva ombra en testament:
és el que tinc de més perdurable i sòlid,
i els quatre pams de món sense neguit
que invento cada dia amb la mirada.
Quan em mori, caveu un clot profund
i enterreu-m’hi dempeus, cara a migdia,
que el sol, quand surt, m’encengui el fons dels ulls.
Així la gent que em vegi exclamarà:
―Mireu, un mort amb la mirada viva.
Miquel Marti i Pol, La pell del violí
Declaro-me vencido
Declaro-me vencido. Os anos que me restam
mal vivê-los-ei amortecido. Cada manhã
esfolharei uma rosa ―a mesma―
e com tinta evanescente escreverei um verso
decadente e saudoso em cada pétala.
A vocês lego a minha sombra em testamento:
é o mais perdurável e sólido que tenho,
e os quatro palmos de mundo sem aflição
que invento com o olhar cada dia.
Quando eu morrer, cavem um poço
e soterrem-me em pé, de frente ao meio-dia,
para me acender o sol, quando saír, o fundo dos olhos.
Assim as pessoas que me virem exclamarão:
―Eis um morto com o olhar vivo.
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