A longa costa
Era de um verde espesso e sonolento
Um verde imóvel sob o nenhum vento
Até à branca praia cor de rosas
Tocada pelas águas transparentes
Então surgiram as ilhas luminosas
De um azul tão puro e tão violento
Que excedia o fulgor do firmamento
Navegado por garças milagrosas
E extinguiram-se em nós memória e tempo
Sophia de Mello Breyner Andresen. As Ilhas (1977)
Navegamos hacia Oriente...
Navegamos hacia Oriente ―
La larga costa
Era de un verde espeso y soñoliento
Un verde inmóvil bajo ningún viento
Hasta la blanca playa color de rosas
Tocada por las aguas transparentes
Ahí surgieron las islas luminosas
De un azul tan puro y tan violento
Que excedía el fulgor del firmamento
Navegado por garzas milagrosas
Y en nosotros se extinguió memoria y tiempo
1 comentário:
Para celebrar Sophia, e, também, para saudar a escolha da María Alonso,junto este poema da "poeta" que constitui para mim uma permanente referência:
PORQUE
Porque os outros se mascaram mas tu não
Porque os outros usam a virtude
Para comprar o que não tem perdão.
Porque os outros têm medo mas tu não.
Porque os outros são os túmulos caiados
Onde germina calada a podridão.
Porque os outros se calam mas tu não.
Porque os outros se compram e se vendem
E os seus gestos dão sempre dividendo.
Porque os outros são hábeis mas tu não.
Porque os outros vão à sombra dos abrigos
E tu vais de mãos dadas com os perigos.
Porque os outros calculam mas tu não.
Sophia de Mello Breyner Andresen
(1919-2004)
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