quarta-feira, 6 de outubro de 2010

A casa onde às vezes regresso

A casa onde às vezes regresso é tão distante
da que deixei pela manhã
no mundo
a água tomou o lugar de tudo
reúno baldes, estes vasos guardados
mas chove sem parar há muitos anos

Durmo no mar, durmo ao lado de meu pai
uma viagem que se deu
entre as mãos e o furor
uma viagem que se deu: a noite abate-se fechada
sobre o corpo

Tivesse ainda tempo e entregava-te
o coração

José Tolentino Mendonça. A noite abre meus olhos.
3. A que distância deixaste o coração


La casa adonde a veces regreso

La casa adonde a veces regreso está tan lejos
de la que he dejado esta mañana
en el mundo
el agua ha ocupado el lugar de todo
reúno cubos, jarrones guardados
mas llueve sin parar desde hace años

Duermo en el mar, duermo al lado de mi padre
un viaje que se ha dado
entre las manos y el furor
un viaje que se ha dado: la noche se abate cerrada
sobre el cuerpo

Si tuviese tiempo todavía te entregaba
el corazón

2 comentários:

Alexandre de Castro disse...

Contas feitas por alto, foram publicados 23 poemas de autores portugueses, contra 9 poemas de autores que se expressam em castelhano. O desequilíbrio é notório.
Este blogue poderia ser o espaço ideal para os leitores portugueses terem acesso à poesia de expressão castelhana.

Sun Iou Miou disse...

Poderia, Alexandre, mas para isso ainda tenho que comer muito caldo verde.